Monday, November 16, 2009

Profecia


Segui, só e vazia
Por esta longa e tortuosa estrada
Não acumulei posse alguma
Nem ao menos a alegria roubada

Andei por todo o mundo
Sem me prender, sem me entregar
Poucos sabem quem eu sou
Ou conhecem meu penar

Coração, envolto em desgostos
Tenho como únicos tesouros
As almas que usurpei
E meu Castelo de Ossos

Monday, June 22, 2009

Uníssono

Se no fundo o fim é um termo

Que se abre em mil avenidas

Perca-me como às flores sem vida

E por fim faça em mim teu começo...

Friday, February 13, 2009

Olhares...

Ele que te segue mudo
Só com o olhar

Acompanhando cada passo em falso
Aprendiz na arte de cobiçar

Os olhos brilham como os de um menino
Ao começar a brincar

E o que é o homem senão um garoto velho
Desvendando o mistério de amar?

Wednesday, February 04, 2009

8

"Sou teu coração doente
Angústia perene
Maldição perpétua
Dor intermitente
A pulsar com lágrimas
Desgostosamente
Cansando-me aos poucos
Destruindo-te lentamente"

Idílio

Terra
Mãe dos viventes
Em teu ventre encontro a mim mesmo
Compreendo a imensidão dos mistérios

Pés descalços, corpo nu
Torno livre a minha mente
Fortaleza minha, nesse inóspito Universo
Tua voz ecoa serenamente nos ventos

Só tu me acolhes, Rainha Mãe!
Só tua voz acalma o mal em meu interior!

Absorve-me e torna-me contigo uma só criatura...
Pó estelar, a cintilar na noite escura...

Tuesday, December 23, 2008

Menina Lua

(Beatriz, ao visitar seu templo tive vontade de brincar com as palavras
e pensar em você)

*
*
*
*
Pés descalços na areia
Alma entregue ao vento
Anjo ou sereia?
É lua cheia no firmamento

Princesa nua a nascer das ondas
Estrelas brincam em seus cabelos
Olhar de fogo e ametistas
Pérola mágica... Convertendo em ouro os próprios sentimentos

Tuesday, December 02, 2008

Mergulho

E teu e meu
Sabor, aroma
Cor, textura
Profundo breu

O pequeno invólucro
A proteger a porta
Toda tua, quase nua
Singela entrada do paraíso

Tomo- te com ímpeto
De uma paixão abrasadora
União de carne e alma
Flutuando no infinito

Thursday, November 27, 2008

...



A água corria calma
Lambendo as pedras do leito
A mata, em seu eterno sussurro
O vento quase a cantar

Um ser amaldiçoado
Viu-se plenamente acolhido
No nada, completamente perdido
Jamais se sentira tão amado

Estava a fugir da morte
Das perseguições eternas
Do povo das velas
Numa vida ingrata e sem sorte

E pôde num instante contemplar
A face do Criador
Pôde compreender o amor
E fez da floresta um lar

Celebrei tua vida como a de um deus
Brindei a ti com meu sangue
Consagrei minhas vestes
E fiz meu corpo teu

Entreguei a ti minha vida
Num ato de desespero
Mergulhando no abandono
Para ser tua escolhida

Deito-me só, tenho frio
Teus braços a muito não me querem
Tantas em tua cama de mim se riem
Completas, e eu sou só vazio



Era teia
Na ponta daqueles dedos

E eu temia
Confrontar meus medos

Mas queria
Perder-me em teus cabelos

Mal sabia
Que tu eras o senhor dos meus pesadelos