Thursday, November 27, 2008

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A água corria calma
Lambendo as pedras do leito
A mata, em seu eterno sussurro
O vento quase a cantar

Um ser amaldiçoado
Viu-se plenamente acolhido
No nada, completamente perdido
Jamais se sentira tão amado

Estava a fugir da morte
Das perseguições eternas
Do povo das velas
Numa vida ingrata e sem sorte

E pôde num instante contemplar
A face do Criador
Pôde compreender o amor
E fez da floresta um lar

Celebrei tua vida como a de um deus
Brindei a ti com meu sangue
Consagrei minhas vestes
E fiz meu corpo teu

Entreguei a ti minha vida
Num ato de desespero
Mergulhando no abandono
Para ser tua escolhida

Deito-me só, tenho frio
Teus braços a muito não me querem
Tantas em tua cama de mim se riem
Completas, e eu sou só vazio



Era teia
Na ponta daqueles dedos

E eu temia
Confrontar meus medos

Mas queria
Perder-me em teus cabelos

Mal sabia
Que tu eras o senhor dos meus pesadelos