Tuesday, July 29, 2008

Gulliver

On Dead Man Hill (Le Mort Homme), near Verdun (CNP)


Cai o corpo

O pó voa juntamente com a alma

Que sobe

Até o limiar das estrelas

O sangue corre

Livre, esvaindo-se sem destino

A lágrima escorre

Como o último grito de quem já não pode gritar

A garganta seca

O sabor férreo da morte é o que lhe resta

Nesse amargo instante contempla o firmamento

E, num segundo, vê todos os seus sonhos ruírem

Todos os esforços e sacrifícios tornam-se pó

Que sobe

Guiando sua alma à morada das estrelas

Monday, July 28, 2008

Crescente...

Lanço a semente
Apurada e sem defeito
Esta toma por leito
A margem à beira da nascente

Como mãe que acalenta
A terra fornece o pão e o abrigo
Ao seu mais amado filho
Que cresce em sua força

No divino florescer
O uno torna-se muitos
O chão torna-se jardim
Repleto de pomos e frutos

Como o sol poente
A flor já sem vida
Cai por terra, desfalecida,
Para renascer noutra semente

Tuesday, July 22, 2008

Folhas...

Façam a roda, cantem em coro
Mas, por favor, não me chamem.
Eu gosto de correr pela sombra
Gosto de me confundir com o tom cinza das paredes de concreto desta minha metrópole

Prefiro não ser vista, nem ouvida
Mesmo porque nada tenho a dizer
Estou no silêncio absoluto
Onde só se ouvem pensamentos

Minhas ambições são nulas
Sossego, solidão e isolamento
Não me siga, pois seguirá o vento

Saturday, July 19, 2008

*

Traga
A chama pura
O brilho da última noite

Deito-me as margens
Das densas e turvas águas
Levem-me para longe

Oh, Diva Crescente
Ordene aos mares

Que me carreguem
Para os braços de Anfitrite

Seja eu uma das cortesãs
De seu reinado submarino

Enquanto a chama do altar de Héstia faz arder os prados verdejantes...